terça-feira, 30 de março de 2010

Simone Ramos - Aluna de Jornalismo da Universidade Católica (UCPEL) faz uma resenha

RESENHA: O MENINO NO ESPELHO, de Fernando Sabino

SABINO, Fernando. O menino no espelho. Rio de Janeiro: MPM Propaganda, 1982,

Fernando era uma criança peralta, de 7 para 8 anos de idade. Ele morava na cidade de Belo Horizonte, com seus pais, dois irmãos e alguns bichos, que habitavam no “sítio” onde morava. Seu mundo de imaginação ultrapassava seus pensamentos e tornavam-se realidade através de divertidas, e não menos arriscadas brincadeiras. A primeira delas foi a compra de uma galinha para um jantar que sua família iria organizar devido à visita do amigo Dr. Junqueira. Alzira, a cozinheira, alimentava a pobre coitada para que no dia da refeição estivesse à bom grado. O menino, que em nada achava divertida a cena de estrangulamento das galinhas, muito menos do sangue sendo aproveitado para fazer o molho pardo, resolveu proteger a ave, escondendo-a debaixo de uma vasilha e dando a ela o nome de Fernanda.

Chegado o dia de ir à panela, nada de encontrar a galinha. Deletado pelo papagaio Godofredo, Fernando se viu pequeno para enrolar toda a família, inventando que ela teria fugido. No fim, o cardápio foi uma macarronada, que a todos agradou, especialmente ao Dr. Junqueira, que manifestou sua aversão pelo prato de galinha a molho pardo. No dia seguinte, a história foi revelada, e toda a família ficou surpresa pela trabalheira que Fernando fez e, principalmente por, dar o próprio nome ao bichinho, o que comoveu o coração de sua mãe, permitindo, assim, que a galinha fosse sua mascote.

As aventuras eram sucessivas. Após a morte de Fernanda, veio o frango Alberto, que não teve uma estadia tão longa na casa, virando a janta principal numas das refeições. Toda a semana Fernando ganhava da mãe mil-réis para ir ao cinema, através dos filmes que assistia, ganhava poder de super-heróis, criava amigos que o acompanhavam nas brincadeiras, pensava sobre o que faria no lugar deste ou daquele ator. Além disso, como toda criança, desejava voar e era obstinado a acompanhar os aeroplanos que de vez em quando surgiam no céu. Os pés de bambus serviam para simular pequenos vôos dando a impressão do que poderia ser estar num avião de verdade.

O Departamento Especial de Investigação e Espionagem Olho de Gato contava com Mariana, a filha da vizinha, Hindemburgo o cachorro que tinha medo de gato e o coelho Pastoff. O Sótão da casa servia como local secreto para as reuniões da equipe. Desse encontro, nada convencional, surgiam todas as travessuras possíveis, desde como incomodar a cozinheira que vivia reclamando, até como entrar à noite na casa “assombrada”, do final da rua.

Não poderia faltar uma cabana construída artesanalmente no fundo do quintal, que veio abaixo na primeira chuva de verão. Para a frustração não ser maior, Fernando ingressou no grupo de escoteiros, vivendo momentos inesquecíveis nas florestas em que iam acampar. Os amigos da escola, as brigas com os colegas, as travessuras envolvendo a professora de Ensino Religioso, entre outras molecagens deram o colorido para a infância. A paixão pela prima de 17 anos, o irmão gêmeo que ficava do outro lado do espelho e que o imitava em tudo, distinguindo-se apenas nos movimentos da mão, quando ele apontava a mão direita, o seu irmão gêmeo automaticamente apontava a esquerda, o que levou Fernando a ter certeza que era diferente dele, compõem as cenas de sua vida, repleta de entusiasmo e emoção.

Ao tirar os olhos e a caneta do papel, Fernando Sabino percebe que já não está mais no seu apartamento em Ipanema, com seus 60 e poucos anos, mas em sua casa, no ambiente em que foi criado. Anda pelo jardim e percebe que o pequeno Fernando está brincando tranquilamente, despede-se dele, volta para a escrivaninha, em Ipanema e escreve a última palavra de sua história: Fim.

Assunto: Resenha

Aluno: Simone de Fátima Ramos

Data: 29/03/2010